A manufatura aditiva é o nome dado ao processo de manufatura digital por adição, também conhecido por impressão 3D. Por si só, ela é uma revolução na forma de se fazer as coisas. Mas ela poderia possibilitar a inserção das pequenas e médias indústrias no contexto da quarta revolução industrial? Mais que isso, o profissional treinado para atuar com a impressão 3D, pode desenvolver os skills específicos (ou parte deles) para atuar neste contexto? Para responder estas perguntas, conversei com profissionais renomados na indústria e com professores de destaque das universidades paulistas.
Segundo Alexandre Magdalon, diretor comercial da 3BE, a primeira pergunta não é simples de se responder, mas a tecnologia é um pilar desta revolução e tem contribuído muito para alavancar as indústrias de pequeno e médio porte. Ainda segundo Alexandre, profissional de destaque na indústria há mais de 30 anos e com 19 anos de experiência na manufatura aditiva, os grandes players tem forçado a evolução do mercado e apesar de algumas operações não poderem ser substituídas, a impressão 3D evoluiu muito e ainda evoluirá. Existem equipamentos de baixo custo, assim como os de altíssimo, e uma análise criteriosa ajudará nossos industriais no retorno do investimento.
Para Daniel Huamani, CTO da 3D criar, a manufatura aditiva é o pilar da Indústria 4.0 com menor preço de aquisição e o mais fácil de se implantar, porém um dos que mais demandam no fator mudança de mentalidade. Eu concordo com ele em ambas as afirmações, realmente não é um processo com alto custo de aquisição (desde que bem pensado para a aplicação de destino) e mudar a mentalidade das pessoas é sempre um grande desafio. Segundo o profissional a questão de custo é bem diferente da situação há 5 anos, temos equipamentos de custo relativamente baixo e que são capazes de executar funções dos equipamentos que são mais dispendiosos, porém para indústrias não seria possível considerar os extremamente baratos, pois não conseguiriam atingir os padrões de repetibilidade e autonomia necessários.
Mas quando perguntamos aos profissionais educacionais, pesquisadores e cientistas, qual a opinião deles a respeito da impressão 3D? Conversei com o Dr. Rodrigo Franco Gonçalves, que acumula as funções de professor no programa de mestrado e doutorado da UNIP e consultorias na área industrial e ele entende que a manufatura aditiva por si só não pode inserir nossas empresas na quarta revolução industrial, mas que o domínio das competências necessárias para o processo, gera um amadurecimento tecnológico que leva a Indústria 4.0. Segundo ele a competência mais importante a ser desenvolvida é pensar fora da caixa, criar e ser inovador, uma mudança comportamental que os FABLABs e espaços maker podem contribuir para desenvolver.
Daniel Krás Borges da Silveira, gerente do FABLAB da INSPER, aponta que ter benefício com a impressão 3D depende de conhecer bem a aplicação e as limitações do processo e dos materiais. Para ele a cultura maker pode propiciar um diferencial importante no modo de trabalhar dos futuros profissionais.
Eu tive o prazer de implantar o FABLAB da Universidade Paulista, ao mesmo tempo em que pesquisava como doutorando a quarta revolução industrial. Posso afirmar que didaticamente abre um campo enorme em termos de processo de aprendizagem ativa, onde o aluno pode desenvolver quase tudo que quiser. Mais que isso, possibilita a troca de informações com estudantes do mundo todo e a possibilidade de desenvolver diversas skills que são desejáveis aos profissionais que atuarão na indústria. Para certos processos já podemos ver uma produtividade adequada, como na fabricação de componentes de turbina de aviões. Esta tecnologia tem nos ajudado muito com o desenvolvimento do nosso LAB4.0 e nos coloca num patamar adequado para trabalhar em conjunto por exemplo com a SOJO University em projetos educacionais.
Além de todas estas vantagens eu vejo a oportunidade do profissional se relacionar com outros que possuem o pensamento fora da caixa, como citado pelo professor Rodrigo Franco. E estar neste mundo, com certeza vai impulsionar os pequenos e médios industriais para desenvolver os outros pilares da quarta revolução industrial. Conheça os FABLABs e venha também pensar fora da caixa!