Momentos diferentes da história não rivalizam, mas podem ser comparados. A maneira como os Gêmeos Digitais vão transformar as empresas faz com que a revolução industrial pareça uma inovação incremental. As mudanças ocorridas nos séculos 18 e 19 na Europa são emblemáticas quando olhamos a evolução dos mercados.
Estamos falando de um período acentuado de crescimento econômico, mudanças sociais positivas e negativas, relações de consumo e geopolítica global. A máquina a vapor acabou tornando-se o símbolo maior desse período.
Já quando analisamos as transformações do século XXI, é fato que a inteligência artificial se infiltra em todos os lugares, em alguns mercados de maneira bastante radical.
No ambiente de negócios, foco desse artigo, ela causa reações diferentes quando comparada à automação industrial. A diferença se dá, pois, investimentos eu automação invariavelmente consideram na viabilidade econômica a redução de mão-de-obra.
A otimização na tomada de decisão apoiada por sistemas amplia a capacidade humana, fazendo com que os profissionais tenham todo suporte necessário nas escolhas que influenciam no resultado da operação.
Talvez, o contraste entre essas duas fases é que na revolução provocada pela IA as empresas estão sendo afetadas em sua totalidade, não apenas na cadeia de produção. O ganho de eficiência tem a ver com as novas “armas” como o Gêmeo Digital.
Em 2011 o Wall Street Jornal publicou o artigo "Software Is Eating the World", no qual argumentou que a tecnologia estava se tornando parte essencial e indispensável para evolução de todos os setores e aspectos da vida moderna, ao impulsionar grandes mudanças e criar disrupção nos modelos de negócios tradicionais.
As empresas mexem no portfólio, mudam processos, trocam pessoas e ainda acreditam que as metas podem ser alcançadas com a mesma tecnologia de antes. Vivemos num mundo em que a tecnologia evolui mais rápido do que a capacidade das estratégias organizacionais se adaptarem.
Na indústria de transformação, por exemplo, os Gêmeos Digitais têm melhorado a rentabilidade dos negócios, desenvolvem novas fontes de receita, trazem ganhos em eficiência energética e preveem movimentos de mercado e carteira que permitem a melhor sincronização e personalização da produção.
No ritmo em que a inteligência computacional avança no uso dos dados, as discussões sobre sua implementação se ampliam. As organizações que ignoram esse fato ou se satisfazem com projetos isolados sem um plano perene, perdem competitividade mais rápido do que conseguem perceber.
*Bernardo Dória é Business Director – Enacom Group