Antes exclusiva às grandes empresas, a automação de processos tem proporcionado benefícios no cotidiano das pequenas e médias indústrias brasileiras hoje em dia. Muitos empreendedores têm apostado na, na Manufatura Avançada, também conhecida como Indústria 4.0, fazendo uso de mecanização, automação, robotização, software, entre outras tecnologias digitais para inovar e produzir mais e melhor.
De acordo com estudo realizado pela FIESP, das quase 350 mil indústrias de transformações existentes no Brasil, 97% delas são de pequeno porte. Em pesquisa realizada pela CNI, do total das indústrias brasileiras, 58% demonstraram conhecer a importância dessas tecnologias digitais. Porém, ainda é muito comum, em boa parte dos segmentos dessas pequenas indústrias, encontrar empresas com processos produtivos pouco automatizados ou, até mesmo, sem qualquer mecanização, quase artesanais.
“Podemos dizer que o índice de robotização no Brasil ainda é muito pequeno, contudo, quando comparamos essa situação com países que produzem os mesmos produtos, percebemos que não estamos com tanta desvantagem assim, visto que, mesmo em nações com grande escala de produção, o grau de robotização também é muito baixo”, afirma Ronaldo Alves, consultor do Sebrae-SP.
Mas por que investir em tecnologias digitais?
A Manufatura Avançada busca diminuir ou eliminar por completo a interferência do homem na maior parte dos processos industriais, visando produtos finais com melhor qualidade, o aumento da produtividade e a redução dos custos. "Trazer o auxílio de tecnologias digitais para a indústria ajuda a conquistar mais eficiência nos processos internos, proporcionar uma redução drástica de erros e de retrabalho, além de gerar inovação, uma vez que se torna possível realizar coisas que, sem o auxílio tecnológico, não se conseguiria", resume Ronaldo Alves.
Contudo, justificar investimentos em tecnologias aplicadas por intermédio desses meios fica muito mais difícil quando a empresa em questão não apresenta uma grande escala de produção. Não à toa, segundo o estudo da CNI, para 66% das empresas consultadas, a maior barreira para a adesão à Manufatura Avançada é o preço da tecnologia envolvida. Praticamente empatadas em segundo lugar com, respectivamente, 26% e 24%, estão a falta de clareza na definição do retorno sobre o investimento e a estrutura/ cultura da própria empresa. Talvez por isso, pouco menos da metade das indústrias ouvidas utiliza uma ou mais das 10 tecnologias listadas ao longo da pesquisa.
Em um primeiro momento, o investimento em maquinário moderno demanda, realmente, custos mais elevados, mas pode, em contrapartida, otimizar processos de produção, o que, potencialmente, resulta em uma grande economia ao longo prazo.
Apesar disso, vale a pena ressaltar que os investimentos em tecnologia ainda necessitam que as pequenas indústrias tenham escala de produção suficiente para serem justificados. Para o consultor do Sebrae-SP, o retorno de um investimento em tecnologia para automação, por exemplo, pode acontecer entre 12 e 18 meses. Exceto em casos excepcionais, um período maior que 18 meses para o retorno do valor empregado não justifica tais investimentos.
Uma nova cultura para a implementação de tecnologias digitais
O investimento nas tecnologias digitais não requer apenas uma adoção de modernos equipamentos, softwares e a integração digital das etapas da cadeia de valor dos produtos industriais, mas também uma nova cultura organizacional.
Em um primeiro momento, muitas indústrias acreditam que investir em Manufatura Avançada significa apenas aumentar a produtividade e reduzir custos. Apesar de positivo, esse pensamento é limitado, pois a Indústria 4.0 permite, ainda, melhorar o desenvolvimento da cadeia produtiva e criar novos produtos e modelos de negócio mais sustentáveis.
Além dos benefícios da melhoria de produtividade, com a eliminação de refugos e retrabalhos, o uso da tecnologia por meio da automação ou robotização também dá mais segurança aos colaboradores. Com a automação, é possível monitorar 24 horas por dia, 7 dias por semana, todo o complexo industrial. Sensores verificam os processos e fazem alertas em caso de qualquer irregularidade que possa colocar funcionários em perigo, diminuindo assim os riscos de prejuízos e resultados indesejados.
Outro ponto de discussão é a oferta de empregos. A introdução da automação ou robotização em uma empresa não eliminará empregos, mas substituirá a mão de obra operacional por uma mais qualificada.
“A empresa substitui a mão de obra utilizada em uma operação manual, por exemplo, por um equipamento automático ou um robô, mas, por outro lado, ela precisará de técnicos capazes de realizar as manutenções, os ajustes, as customizações e o desenvolvimento desses equipamentos”, defende Ronaldo.
As tecnologias digitais podem ajudar as indústrias na otimização e aperfeiçoamento dos seus processos, assim como na geração de inovação e diferenciais competitivos. Por isso, a adoção dessas tecnologias não deve ser vista apenas como um gasto, mas, sim – e principalmente – como um investimento para o negócio.
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